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Muro de tecelagem desaba sobre quatro casas no Bairro Quintino Cunha — Foto: Paulo Sadat/SVM
Uma das vítimas de um desabamento do muro de uma fábrica no Bairro Quintino Cunha, em Fortaleza, narrou os momentos de desespero vividos com o acidente. A autônoma Grasiele Ferreira, de 20 anos, estava em casa com o irmão quando ambos foram atingidos pela estrutura, nesta segunda-feira (5).
"Eu fiquei desesperada porque eu e meu irmão somos muito companheiros, eu amo meu irmão. Quando eu não vi ele, eu me desesperei. Eu fui para a rua, mas nem em pé eu conseguia ficar. Só ficava no chão, chorando e perguntando pelo meu irmão. Parecia cena de filme de terror", lembra Grasiele.
"Eu vi o muro caindo de repente, mas não tinha como a gente correr; caiu de uma vez, eu só virei meu rosto e senti alguma coisa batendo nas minhas costas, acho que foi uma madeira", relata a jovem.
Quatro residências foram atingidas após o desabamento, conforme o Corpo de Bombeiros do Ceará. O dono da fábrica de tecelagem, que está desativada, já havia sido notificado sobre o risco de desabamento.
Os dois foram socorridos por moradores da região para o Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, onde receberam atendimento médico. A jovem recebeu alta ainda na noite da segunda, mas o irmão seguiu internado.
"Na hora que eu caí, senti que minhas costas e meus braços estavam doendo muito, e não consegui ver meu irmão. Aí eu gritei por ajuda, meu pai me pegou e fiquei gritando por meu irmão. Alguns moradores da rua e meu pai ficaram procurando meu irmão dentro de casa, só que encontraram ele dentro dos escombros, ele ficou com a cabeça machucada — pegou quatro pontos — e está com um olho inchado", relembra a vítima.
'Perder a casa é triste'
Após o desabamento que deixou os dois irmãos feridos, a Defesa Civil do município interditou 16 residências do entorno do imóvel. Os agentes realizaram as orientações no local e oito famílias concordaram em desocupar as casas.
"Eu sinto alívio, porque eu e meu irmão estamos bem, não fraturamos nada e só tivemos pequenas escoriações. Só que perder a minha casa, não ter onde dormir, isso desespera qualquer um. Estou sentindo dor, mas perder a casa é triste", revela a jovem, uma das pessoas obrigadas a evacuar a própria casa.
Nesta terça-feira (6), a equipe da Defesa Civil deve retornar ao local para tentar convencer a saída dos moradores das outras oito casas, que insistem em permanecer nos imóveis. De acordo com o órgão, as famílias vão ser beneficiadas com aluguel social e materiais assistenciais, como cesta básica, colchonetes e cobertores.
Contudo, a dona de casa Edilane Ferreira, mãe das duas vítimas atingidas com o desabamento, relata que, até a noite desta segunda, nenhum morador recebeu as assistências prometidas. "Não falaram nada. Só falaram que a gente tinha de procurar algum canto para ficar, mas não falaram em dar dinheiro, em ajuda de custo, só falaram que a gente não se preocupasse porque eles iam resolver o muro. Mas como é que a gente vai ficar?!", denunciou a dona de casa.
"Até agora ninguém recebeu nada. Eu fui para a casa da minha mãe porque não tenho como ficar na minha casa. Graças a Deus eu tenho minha mãe que mora aqui pertinho, mas não deram nada para ninguém", complementa Edilene.
A Defesa Civil, por meio da assessoria de imprensa, explicou que as famílias prejudicadas com o desabamento precisam, antes, encontrar um imóvel disponível para alugar, e assim, posteriormente, receber o benefício social referente ao pagamento
"Eu perdi meu óculos, não enxergo muito bem, eu não estou enxergando nada. É um momento desesperador porque quem é que vai dar onde a gente morar de novo? Não tem. Está todo mundo com medo", reforça Grasiele.
Por G1 CE